Entre títulos muito conhecidos e outros nem tanto, escolhemos histórias nas quais a tecnologia está presente, seja de forma distópica, cotidiana ou contemplativa

Assistir a seriados tornou-se um hábito bastante popular no mundo. De acordo com a consultoria PwC, o tempo gasto com eles aumentou 75% só em 2020, muito como reflexo do isolamento provocado pela Covid-19. Neste mesmo ano, o número de assinantes dobrou nos Estados Unidos, chegando a mais de 125 milhões de usuários. Aqui no Brasil, uma outra pesquisa, desta vez realizada pela Empresa Finder, estima que 65,58% da população assina algum serviço de streaming.
A tecnologia é um argumento muito utilizado nas séries e, na maior parte das vezes, está caracterizada como ficção científica. Podemos citar criações como “Doctor Who” (BBC One, PBS, BBC One HD), “Black Mirror” (Netflix, Channel 4) e por que não “Os Jetsons” (Hanna-Barbera)? Pensando na temática, listamos algumas séries pautadas pela tecnologia, algumas delas muito conhecidas – assim dispensamos a apresentação a Black Mirror – e outras talvez nem tanto. Se um título interessar, vale dar aquela conferida. E, claro, nem tudo foi abordado, então, você pode deixar sua colaboração nos comentários.

Mr. Robot (USA Network): entre as séries muito conhecidas, Mr. Robot teve sua conclusão em 2019. Nela, você acompanha Elliot, um programador que trabalha como engenheiro de cyber segurança durante o dia e como hacker à noite. A 4ª e última temporada sofreu uma queda de audiência no início da exibição dos episódios, o que foi creditado ao hiato de 2 anos na produção e à mudança na grade de programação da USA Network, o que fez com que concorresse diretamente com “The Walking Dead” nos EUA. Contudo, a conclusão da história foi um sucesso entre fãs e crítica. O enredo aborda temas contemporâneos, como crítica à sociedade consumista, planos para destruir grandes empresas e saúde mental. Está disponível para ser vista na Amazon Prime.

Electric Dreams (Amazon Prime): é tida como a resposta da Amazon Prime para Black Mirror. Isso porque se trata de uma antologia, isto é, cada capítulo aborda uma história que necessariamente não traz uma conexão com o todo. Além disso, retrata como a tecnologia impacta a vida das pessoas e suas interações sociais. Inspirada nos contos do famoso escritor sci-fi Philip K. Dick, divide-se entre episódios distópicos e mais otimistas, com histórias que se passam em um lugar muito próximo à realidade de hoje e outros em um futuro distante, e até mesmo fora da Terra

Silicon Valey (HBO): Richard Hendricks (Thomas Middleditch) é um programador sem muitas habilidades sociais, que pede demissão da empresa onde trabalha para atuar em seu projeto Pied Piper. Com outros cinco programadores, eles passam sofrer as dores do crescimento de uma startup enquanto tentam o sucesso no Vale do Silício. É uma paródia sobre empreendedorismo e o mundo da tecnologia. A série é assinada por Mike Judge, autor de “Beavis and Butt-Head” (1993-1997) e de “Idiocracy” (2006), que chegou a se mudar para a Califórnia nos anos 80 para atuar em uma startup.

Ruptura (Apple TV+): queridinha do momento, “Ruptura” estreou há pouco sua primeira temporada e vem reunindo admiradores. Alguns deles afirmam ser umas das principais séries do ano, isso antes mesmo do segundo semestre. Mark (Adam Scott) passa a ser chefe de uma equipe que realiza um procedimento para separar as memórias dos funcionários de uma empresa entre pessoais e profissionais. Quando estão no trabalho, essas pessoas não lembram quem são fora. E quando voltam para casa, esquecem de tudo que ocorreu no trabalho. No entanto, eles sabem o nome da empresa em que trabalham e estão cientes que escolheram passar pelo procedimento. Não demora muito para dúvidas, teorias e conspirações se instalarem, dando início a uma jornada para que a pessoa de fora descubra a verdade sobre seu emprego.

Imagem: Apple TV+, Ruptura

Tales from the Loop (Amazon Prime): baseada no livro de pinturas do artista sueco Simon Stålenhag, a primeira temporada conta com oito episódios que trazem um olhar mais contemplativo sobre a tecnologia. Há que ame e quem não goste. Por meio de viagens no tempo proporcionadas pelo Loop, uma máquina que torna realidade assuntos tidos como Ficção Científica em uma cidadezinha, a trama explora temas como dificuldade de se encaixar no mundo, luto, amor e solidão. Tudo por meio de um olhar delicado.

Devs (FOX): de Alex Garland, criador de “Ex-Machina” (2014) e “Aniquilação” (2018), conta a história de uma engenheira de software que trabalha para a Amaya, uma empresa de tecnologia. Ela passa a investigar a repentina morte de seu namorado que trabalhava no mesmo local após ele ter sido recrutado pelo CEO, interpretado pelo ator Nick Offerman. É um thriller que mescla espionagem e ficção científica, com questionamentos sobre as relações humanas, dependência e manipulação da tecnologia.

Imagem: Amazon Prime, Tales from the Loop

The IT Crowd (Channel 4): “das antigas”, porém não muito conhecida. Um dos motivos é não termos acesso tão fácil a séries inglesas em comparação a americanas. No entanto, essa produção já ganhou três Baftas e um Emmy de melhor série internacional. Uma sitcom com humor britânico explica bem o que você vai encontrar. Foca na equipe de suporte técnico das indústrias Reynholm, empresa fictícia localizada no centro de Londres. Eles trabalham em um porão, enquanto os demais departamentos desfrutam de uma bela vista da cidade. A série trata com humor situações cotidianas no suporte e o trabalho não valorizados dos personagens.

Westworld (HBO): aqui está uma que você, ao menos, já ouviu falar. A primeira e segunda temporadas acontecem em um parque temático onde pessoas podem viver experiências com androides sem consequências no mundo real, o que inclui assassinatos e violência sexual. Contudo, alguns robôs estão prestes a ganhar consciência e a tomar conta de suas próprias narrativas. As primeiras temporadas alcançaram críticas muito favoráveis, embora tenha apresentado quedas na audiência de uma para outra. Após a estreia da 3ª temporada, que descaracteriza o enredo inicial, houve um declínio ainda maior do público, bem como críticas negativas. Entretanto, toda a série conta com ótimas atuações, fotografia e trilha sonora, além de uma abertura incrível. A 4ª temporada tem previsão de estreia para 26 de junho, na HBO Max.

Halt and Catch Fire (AMC): com quatro temporadas, a história começa no Silicon Prairie, no Texas, no início dos anos 80. O foco é a construção do computador pessoal, o que promoveria uma revolução no mundo. Embora tenha sido bastante elogiada pela crítica, na época, a série não atingiu as expectativas de audiência da emissora, uma vez que estava sendo considerada por ela a sucessora de “Mad Men” (2007-2015). Contudo, todo o enredo costuma a ser elogiado por quem o assiste, desde atuação à direção e desenvolvimento de personagens.

Imagem: Channel 4, The IT Crowd

O código Bill Gates (Netflix): este documentário traz uma série de entrevistas e imagens de arquivos com Bill Gates sobre a criação da Microsoft, junto com sua ex-esposa, Melinda Gates. De acordo com a descrição da Netflix, é uma jornada pela mente do empresário, descobrindo quem o influenciou e quais são as metas que o bilionário ainda pretende alcançar. A questão é que há uma certa glorificação do magnata, típica de documentários que querem inspirar ou, ao menos, “causar”, o que a Netflix tem feito com bastante frequência, muitas vezes caindo na pieguice e no inflar de egos. Vale a pena assistir com o senso crítico de que não entrega o que promete, porém, nada melhor que tirarmos nossas próprias conclusões.

 

Fonte: it4cio.com