O mundo tecnológico está em constante evolução e, com isso, as facilidades das operações digitais também. O pix, open banking e até mesmo as moedas virtuais são um exemplo disso. E não tem jeito, a cada dia que passa, cresce também o número de novos investidores nas conhecidas criptomoedas.
Esse modelo de investimento ganhou muito holofote nos últimos anos, por conta da sua alta rentabilidade quando o mercado está em alta. Para se ter uma ideia, em 2021, esse mercado movimentou cerca de US $ 15 trilhões. No Brasil, esse número chegou à marca de R$ 200 bilhões, segundo uma pesquisa da CoinMarketCap.
O ano passado foi um ano muito positivo para os investidores de criptoativos, mas como qualquer investimento especulativo, existem seus riscos. O principal deles, é a alta volatilidade!
Bitcoin: uma moeda que rege o mercado!
A principal moeda que existe no mercado de cripto é o Bitcoin. Foi a primeira criptomoeda criada lá em 2008, por Satoshi Nakamoto – alcunha dada ao criador da moeda. Ele rege o mercado, por conta da sua força e confiança do mercado.
Mas ser o principal nome de algo, não necessariamente vai ser bom. Quando o mercado de cripto começou a cair em dezembro de 2021, instalou-se uma crise e o Bitcoin foi a moeda que mais desvalorizou (entre as 20 grandes criptomoedas), segundo o mesmo estudo da CoinMarketCap.
Em dezembro de 2021, cada Bitcoin custava US $ 67,229,83. Esse valor foi caindo cada vez mais e, hoje, em setembro de 2022, cada Bitcoin custa US $ 20.367. O grande dilema que se instaura no cenário atual, é se ainda é válido ter em sua carteira de investimento as criptomoedas. Pensando nisso, e tentando entender esse mercado, entrevistamos o André Quadrado Giroldo, que é Blockchain/web3 Product Manager e explica em detalhes o momento e o futuro desse modelo de negócio.
Portal IT4CIO: Neste ano de 2022, as criptomoedas sofreram muito com a desvalorização. Como você está enxergando esse momento e como o mercado está lidando com isso?
André Quadrado Giroldo: 2022 tem sido um ano de queda não apenas para o mundo do cripto, mas para todos os mercados de renda variável. Sejam ações, fundos imobiliários ou ETFs. Não tem jeito, pois vai existir oscilações principalmente por conta do cenário macroeconômico do Brasil e no mundo. Observamos também que em 2021 e a metade de 2022 existe uma correlação direta do Bitcoin, com o índice do Standard & Poor’s, que é o maior índice de ações do Estados Unidos, por conta das mudanças das políticas monetárias do país. Os dois acabam ganhando ou perdendo valor juntos.
Em relação ao mercado, existe um misto de sentimentos, né. O que é perfeitamente normal, pois em 2021 quase todas as grandes criptomoedas performaram super bem, conseguindo bater recordes mês após mês e agora vem sofrendo grandes oscilações. Mas vale ressaltar, que em sua grande maioria, o medo vem dos novos investidores, que ainda não conhecem direito o mercado e como eles podem mudar de tempos em tempos. Mas vele deixar o registro que é o mercado do cripto que ganha mais repercussão, por conta da sua popularidade e alguns desconhecimentos sobre o tema.
Por isso a importância de as pessoas pesquisarem, buscar conhecimento sobre o tema e, caso necessário, procurar a ajuda de um especialista para entender os cenários, riscos e benefícios que podem acontecer durante as operações. Outra coisa que é importante salientar, é fazer o público entender que as criptomoedas são um investimento, como qualquer outro, pois existem prós e contras.
Portal IT4CIO: Mesmo com todos esses percalços, muita gente ainda vê o mundo cripto como um ótimo investimento, até por ser um meio descentralizado. Você concorda com isso? Ainda é vantajoso escolher as cripto como parte da sua carteira de investimento?
AQG: Sem dúvida é algo que ainda vale a pena sim. Levando em consideração o método de comprar um ativo na baixa para conseguir vender na alta, faz sentido. Claro, estamos levando em consideração algo que já aconteceu no passado, de as criptomoedas perderem valor, depois se recuperarem e, em alguns casos, elas até valorizarem mais. Mas esse cenário mencionado é algo factível, que pode acontecer, mas é uma previsão otimista do médio e longo prazo das criptomoedas. Lembrando, que como qualquer negócio de investimento especulativo, as coisas podem mudar ao longo do tempo.
Mas vele o registro que hoje, as criptomoedas não é apenas uma forma de pagamento, mas sim, um meio de resolver problemas com menos burocracias. O que isso significa? Você consegue fazer operações financeiras, criação de contratos inteligentes, que automaticamente tira os intermediários, seja bancos ou outras instituições financeiras.
Isso é algo que deve ser levado em consideração, pois você consegue usar as criptos como um meio de pagamento, criando uma reserva de valor ou até mesmo transferir valores para outros países com taxa consideravelmente menor ou até mesmo ganhar dinheiro, pois você está apostando que aquilo irá entregar soluções reais para o dia a dia.
Portal IT4CIO: Por mais que ainda existam entusiastas que defendam as criptomoedas, tokens e outros ativos digitais, ainda há uma relutância considerável com esses modelos de negócios. O que enxerga como principal fator dessa desconfiança?
AQG: Estamos passando por um momento de transição. Os entusiastas de antes, hoje são empreendedores. Hoje a maioria do mercado já entende as criptos como uma forma de resolver problemas, consegue empreender nesse mercado. E o legal que o pessoal mais antigo já entende que tem essa responsabilidade de ajudar o pessoal mais “cru” entender essas nuances e particularidades.
A questão da desconfiança, não tem jeito. É o medo dos golpes e não tem como culpar o pessoal por isso. Infelizmente existe muita gente que usa essas ferramentas e soluções para o mal. Existem inúmeros golpes, problemas de segurança, hackeamento e até mesmo as pirâmides financeiras. É um mercado novo, existem dúvidas, falta de conhecimento, mas as pessoas esquecem também que acontecem coisas similares no mercado tradicional.
Um exemplo de coisas novas e desconfianças, é a própria internet. Tem uma entrevista do Bill Gates, que ele tinha que explicar todos os processos, o que ela era, o que fazia e se era confiável. Hoje, a rede blockchain é a mesma coisa. Temos que explicar sobre a tokenização, NFTs e outras variações. Então a conclusão que eu chego é: esse medo é a falta de conhecimento, aliado ao medo de ser enganado.
Portal IT4CIO: Mesmo com esse momento ruim, com uma baixa significativa dos valores (Bitcoin é talvez o maior exemplo disso) como você enxerga o médio e longo prazo? É animador? Existe uma perspectiva bacana para reaquecer esse mercado?
AQG: O mercado de renda variável está em baixa, como tinha dito anteriormente. Pensando no médio e longo prazo, que tem mais assimetria, ou seja, maior potencial de valorização, maiores chances de investir um menor valor e conseguir multiplicar isso, é o mercado de renda variável.
Um exemplo disso, mesmo com uma desvalorização de 70%, é o Bitcoin. Alguns especialistas em economia dizem que foi a moeda com mais queda, mas tiveram algumas que caíram 80%, 90%. Teve uma queda brusca, mas no seu ápice de crescimento, chegou a um aumento de 1200%. Por isso eu digo, que é algo que ainda pode e recuperar. Uma pessoa que comprou o Bitcoin no começo da pandemia, em abril ou maio de 2020, comprou um Bitcoin por US $ 3000,00 e, hoje, mesmo com uma grande desvalorização, ainda custa algo próximo de US $ 20.000,00. Perdeu dinheiro? Sim! Mas ainda sim está com uma margem de lucro absurda, pois ainda é um aumente de quase seis vezes mais.
Outro ponto a ser abordado. Por que o Bitcoin ainda vale a pena ser investido? Porque é um artigo escasso. Foi feito para ter uma quantidade limitada. Lá em 2008, foram feitas 21 milhões de moedas e hoje, já foram lanças cerca de 90% desse montante. Ou seja, a cada ciclo de alta do Bitcoin, a produção dessa moeda cai pela metade. Chamamos isso de Halving, quando a emissão cai e a escassez acontece. A próxima vez que isso acontecerá é em 2024, pois acontece a cada quatro anos.
Outro ponto que reforça meu ponto que as criptomoedas como um todo, são um meio de negócio, é por conta das grandes empresas que estão aos poucos aderindo esse método e, com isso, dando ainda mais credibilidade para o mercado.
Fonte: Portal IT4CIO